quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Soneto Do Amor Total

Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

" O Amor é essencial, O Sexo, acidente;Pode ser igual, Pode ser diferente"
    Fernando Pessoa


    
             

Tenho um Amor

Tenho um amor fresco e com gosto de chuva,
e raios e urgências.
Tenho um amor que me veio pronto.
Assim, água que caiu de repente.
Nuvem que não passa.
Me escorrem desejos pelo rosto, pelo corpo.
Um amor susto.
Um amor, raio trovão fazendo barulho.
Me bagunça.
E chove em mim todos os dias.

Caio Fernando Abreu

sábado, 22 de janeiro de 2011

Tenho sempre vírgulas e reticências,evito o ponto final...

Tenho sempre vírgulas e reticências,evito o ponto final...


Essa foi a frase que minha mente me martelou quando deitei na cama às cinco da manhã afim de dormir,mas sem sono algum...
Quase sempre antes de dormir a minha mente me analisa e eu analiso a minha mente...(minhas atitudes vez e outra entram em conflito com o que eu penso e vise-versa)...
As vezes a quantidade de pensamentos embaralhados me fundem a cabeça sem pedir licença e me deixam alguma reflexão...me torno então analista de mim mesma e muitas vezes fico sem entender bulhufas...

veja só que irônico...estou escrevendo porque o sono não vem pra mim,mas provavelmente enquanto lê essas linhas o sono chega à galopes pra você...Muito embora eu desconfie de que ninguém vá ler o que escrevo aqui agora,acredito que talvez além de mim apenas meu marido leia(Espero que você goste do que está escrito aqui,afinal dizem que somos aquilo que pensamos)..pensando nisso chego mais uma vez à conclusão de que sou muito confusa ja que meus pensamentos estão sempre mudando,embora a essência mesmo não mude.
Não me lembro de alguma vez ter me aberto com aalguém sobre o medo que tenho de pontos finais...
(Estar nua diante do espelho não é como despir-se pra uma platéia)...
O certo mesmo é que ponto final não é bom,embora venha sempre algo após ele...(Eu acredito nisso)...
Bom mesmo seria se pudéssemos recomeçar sem ter que colocar um fim.(Bom mesmo é renovar)...
Despedidas são sempre tão tristes...sempre leva um tempo pra nos acostumarmos com o novo,às vezes quando nos acostumamos o novo ja ta ficando velho...
Eu realmente não gosto de pontos finais e não acredito neles...
Eu creio na eternidade das almas,no legado que deixamos na Terra,na perpetuação através das pessoas que amamos e das pessoas que nos amam,a perpetuação nas frases que escrevemos(mesmo que ninguém leia),eu acredito nos momentos que se eternizam em nossa mente,nas sensações que ficam empregnadas em nosso corpo...
Pra mim viver é também reviver muitas vezes, mesmo que apenas mentalmente, a mesma cena,é ouvir muitas vezes a mesma música,voltar muitas vezes à um momento único,é embriagar-se de cheiros.
Eu amo a nostalgia,eu to sempre voltando pro lugar de onde partí,mas não pra me reencontrar...eu preciso voltar pra me encontrar sempre pela primeira vez comigo mesma...eu preciso voltar pra descobrir o que me fez ser o que sou...confesso que gosto do que descubro,mesmo que eu sempre prenda num baú à cadeado algumas partes de mim...
Eu gosto do apalpável e também daquilo que ja não é  possível pegar(Eu faço poucos planos,embora sonhe muito)
Eu gosto da tortura que ha nas lembranças boas,sinto prazer na saudade...
Eu choro sorrindo e rio chorando muitas vezes...
Confesso que quando um ciclo se encerra e outo começa eu também adoro..(risos)
É preciso ter esperança e fé pra encarar a vida com um sorriso nos lábios...mesmo que algumas vezes o sorriso amarele...
Sabe o que acho melhor no futuro?os novos personagens que chegarão...decifrar alguém é sempre muito agradável...é bom demais essa oportunidade que o futuro nos dá de cativar e ser cativado...


Hoje estou sentindo vontade de agarrar o mundo com as mãos e espremê-lo pra ver se sai sangue ou se sai flores,mas também hoje,exatamente hoje o mundo sou eu,então vou ter que espremer-me por dentro...é sempre doído...e doido...
Mas o dia está só começando e tudo pode sempre mudar,aliás o lógico é que mude...junto com os ponteiros do relógio...
Perdoê-me pelos erros gramaticais!Eu realmente sempre odiei pontos finais e também os parágrafos...na verdade eu odeio mesmo até hoje algumas regras de gramática...

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Trago dentro do meu coração,
Como num cofre que se não pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero.
[...]
Viajei por mais terras do que aquelas em que toquei...
Vi mais paisagens do que aquelas em que pus os olhos...
Experimentei mais sensações do que todas as sensações que senti,
Porque, por mais que sentisse, sempre me faltou que sentir
[...]
Sentir tudo de todas as maneiras,
Viver tudo de todos os lados,
Ser a mesma coisa de todos os modos possíveis ao mesmo tempo,
Realizar em si toda a humanidade de todos os momentos
Num só momento difuso, profuso, completo e longínquo.
[...]

Multipliquei-me, para me sentir,
Para me sentir, precisei sentir tudo,
Transbordei, não fiz senão extravasar-me,
Despi-me, entreguei-rne,
[...]
Sentir tudo de todas as maneiras,
Ter todas as opiniões,
Ser sincero contradizendo-se a cada minuto,
Desagradar a si próprio pela plena liberalidade de espírito,
E amar as coisas como Deus.
[...]
Eu, o fumador de cigarros por profissão adequada,
O indivíduo que fuma ópio, que toma absinto, mas que, enfim,
Prefere pensar em fumar ópio a fumá-lo
E acha mais seu olhar para o absinto a beber que bebê-lo...
[..]
Eu, enfim, que sou um diálogo continuo,
Um falar-alto incompreensível...
[...]
Fui educado pela Imaginação,
Viajei pela mão dela sempre,
Amei, odiei, falei, pensei sempre por isso,
E todos os dias têm essa janela por diante,
E todas as horas parecem minhas dessa maneira.